Veganismo: O que é?

Veganismo é simplesmente uma alimentação que exclui animais e os produtos de fonte animal. Enquanto os (ovo-lacto) vegetarianos não consomem nenhum tipo de carne, os veganos vão além e também evitam qualquer alimento de origem animal. Isso inclui ingredientes comuns como ovos, leite, e laticínios como manteiga e queijo. Para muita gente, ser vegano é muito mais que uma dieta; é uma atitude e estilo de vida. O objetivo é convivência com outras espécies de animais, e respeito pelas vidas deles.

Infelizmente, por mais nobre que seja essa escolha de viver uma vida de menos violência, o vegano enfrenta muitos obstáculos no dia a dia. Muitos alimentos processados disponíveis nos supermercados de hoje contém vários ingredientes, alguns de origem animal, mas aparecem no rótulo descrito de forma indecifrável. Ainda existem poucos restaurantes vegetarianos e veganos no Brasil, e num restaurante comum é surpreendente o quão pouco o garçom e até o gerente sabem do que está na comida.

Então, um iniciante no mundo de veganismo passará muito tempo lendo rótulos e pesquisando ingredientes esquisitos. Ficará decepcionado com a falta de opção e a falta de transparência nos restaurantes e lanchonetes, e por isso vai começar a gastar mais tempo e dinheiro nas feiras livres aprendendo cozinhar em casa. Vai se acostumar com marmitas e desfrutar de uma vida mais saudável e um corpo mais leve. Com tempo, eliminará quase todos os alimentos processados da dieta, e incluirá mais alimentos integrais, crus, e orgánicos. A transição para o veganismo é uma transição para um conceito de alimentação mais cuidadoso e consciente.

Você não precisa abrir mão de todos os alimentos de origem animal para aproveitar dos benefícios de incluir mais comidas e refeições veganas na sua alimentação. Não estamos aqui para forçar um estilo de vida, e nem para julgar. Independente dos seus motivos, queremos mostrar as possibilidades deliciosas e saudáveis que essa dieta apresenta, e demonstrar que comer plantas é a fundação da saúde perfeita. Aqui são alguns dos motivos que veganos e também onívoros estão escolhendo á incluir mais alimentos vegetais na dieta:

A ética:

​O veganismo pode ser considerado a alimentação mais ética, independente do ponto de vista. O ser humano, por natureza, é onívoro, significando que os nossos corpos são resilientes e conseguem metabolizar energia de uma enorme variedade de produtos vegetais e animais. A maioria de nós temos o privelégio de ter acesso ao alimento em quantidades suficientes para nos sustentar. Também temos o privelégio de poder escolher o que entra na nossa alimentação e o que fica fora. Não seria prudente escolher primeiro os alimentos com menores impactos negativos?

​Veganismo pode ser definido como anti-violência. Animais também sentem dor, medo, tristeza, e outras emoções. Abster-se de consumir carne significa que paramos de depender da morte de um animal para nos sustentar, quando existem outras alternativas para abastecer o corpo. Todos lembramos deste vídeo que circulava pelas redes sociais, do menino que recusou continuar comendo polvo (e outros animais) porque não queria que os animais morressem (e se você nunca tinha visto, vale a pena assistir):

O ser humano é um bicho complicado. Aprendemos a viver no meio de contradições e hipocrisias todo dia. Na mente e na consciência, conseguimos compartmentalizar todos os animais no planeta em três grupos distintos: animais domésticos, ou os nossos mascotes, dos quais cuidamos e amamos como parte da familia; animais selvagens, com quais é aconselhado evitar o contato porque são perigosos ou pestes; e animais de fazenda, aqueles que criamos e matamos para consumir, ou porque fornecem alguma utilidade ou algum produto para o ser humano. Somos criados para aceitar isto sem sentir culpa ou peso na consciência. Justificamos os nossos motivos de facilmente encaixar cada animal nas três categorias (doméstico, selvagem, ou comida.) Mas será que as diferenças entre os três grupos são tantas? Já vimos casos de animais como galinha ou cabra virar mascote amado, tal como outras culturas que comem a carne de animais que consideramos “pets” ou vida selvagem. Ouvimos historias de alguem no mundo ingerindo carne de cachorro ou cacando baleias e tartarugas marinhas, e nos sentimos revoltados. Por quê também não ficamos revoltados com os 3.000 animais que morrem CADA SEGUNDO nos abatedouros do mundo?

​Pois bem, o argumento de virar vegetariano e parar de consumir carne é persuasivo. Mas por quê o veganismo? Botar um ovo não mata a galinha e produzir leite não machuca a vaca. Sim, é verdade. Mas só ás vezes. E certamente não é verdade se você compra leite e ovos no supermercado. As imagens bonitas na embalagem são escolhidas para fazer você pensar que os animais vivem vidas livres e felizes, contribuindo leite e ovos para agradecer o carinho dos donos humanos. Você fica com essa ideia na cabeça porque as imagens são assim:

Enquanto a realidade é assim:

Os animais usados para produção de produtos animais (como laticínios, ovos, etc.) sofrem uma vida curta, suja, e escura. São utilizados feito máquinas de dispensar ingredientes, e são jogados fora com crueldade no final da sua vida útil. Não vamos falar disso aqui neste artigo, mas existe muita informação em outras fontes para quem quiser ver e conhecer a verdadeira indústria. Confira a nossa página Recursos para acessar os links.

A sustentabilidade:

​Uma dieta vegana é a dieta mais sustentável para o planeta e as populações humanas. Criar qualquer animal para nosso consumo gasta muitos recursos. Para abrir mais espaço para a indústria de animais, as florestas são quiemadas e destruídas. No Brasil, á cada 60 segundos, um terreno do tamanho de um campo de futeból na floresta Amazônica é desmatado. Quase todo o desmatamento é pela necessidade de mais pasto para criar gado, e mais campos para o cultivo de soja e milho, para servir como ração para gado, aves, e até peixes. Por ano, 5 milhões de ácres de floresta são destruídas pela indústria de produtos animais, e isso apenas na América do Sul e América Central!

​O Brasil, um dos paises mais abençoados de água doce, segura 12% da água doce mundial. 70% dessa água potável é utilizado para irrigação na agricultura. Mais que a metade de tudo que é cultivado no país é destinado para virar ração. A ração alimenta os gados, porcos, galinhas, e peixes que são criados para nos alimentar da carne deles e para prover produtos segundários, tais como leite, ovo, laticínios, lã, couro e gelatina. Para todos esses produtos existem alternativas, e parece injusto gastar enormes quantidades de água potável e grão comestível e nutritivo na sua produção quando muitos lugares sofrem de escassez de água e alimento.

  • Para produzir apenas 1 kg de carne de gado, são necessários: 15.400 litros de água
  • Para produzir apenas 1 kg de carne suína, são necessários: 6.000 litros de água
  • Para produzir 1 litro de leite, são necessários: 1.000 litros de água
  • Para produzir 1 kg de camarão: são necessários de 50.000 á 60.000 litros de água (doce)!

Compare os exemplos acima com a quantidade necessária para cultivar 1 kg dos seguintes alimentos vegetais:

  • Para produzir 1 kg de grãos de soja: apenas 500 litros de água
  • Para produzir 1 kg de tomate: apenas 39 litros de água
  • Para produzir 1 kg de feijão: apenas 195 litros de água
  • Para produzir 1 kg de batata: apenas 48 litros de água

A indústria agropecuária também consome muita energia de combustíveis. Um estudo da Universidade de Cornell provou que a produção de 1 kg de proteina animal consome 8 vezes mais combustível do que a produção de 1 kg de proteina vegetal.

​A mesma indústria é a maior fonte de poluição do ar e das águas, como também libera a maior quantidade de gases de efeito estufa para o atmosfera, assim acelerando o aquecimento global mais do que qualquer outra atividade no planeta. As toneladas de gases liberados para o atmosfera na produção de 1 kg de carne bovina são equivalentes aos gases liberados de um carro de porte médio numa viagem de 71 km. 1 kg de carne de porco é equivalente á uma viagem de 29 km. O problema da liberação de CO2 e metano no atmosfera é multiplicado quando lembramos que o desmatamento (causado principalmente pela indústria agropecuária) também libera toneladas de CO2, e diminui a quantidade total de vegetação que seria capaz de absorver os excessos de CO2.

​Se você estiver preocupado com a fome mundial, a atitude mais impactante que possa fazer hoje é se alimentar com uma refeição à base de plantas, sem carne e outro produto animal. Por quê?

​O mundo não sofre de uma escassez de alimento. Mesmo com as populações humanas em constante crescimento, a terra ainda produz alimento suficiente para alimentar cada pessoa em existência. É necessário alimentar um gado com 7 kg de grãos (soja, milho, arroz, etc.) para que ele ganhe 1 kg de proteina comestível. Se os 7 kg de grãos fossem alimentar pessoas em vez de gado, mundialmente existiria o suficiente de calorias para alimentar seres humanos, e ninguém teria que passar fome.

​No ano 1990, pesquisadores da Brown University calcularam que 6 bilhões de pessoas mundialmente poderiam ser alimentados com uma dieta vegetariana, diretamente consumindo as colheitas que iam para alimentar animais da indústria agropecuária, enquanto uma dieta com carne como a dos paises mais affluentes poderia alimentar apenas 2.6 bilhões de pessoas. Hoje, mais que 25 anos após a publicação do estudo, a produtividade da agricultura aumentou devido aos avanços tecnológicos na área. Porém, em vez de usar as maiores colheitas para alimentar um número maior de pessoas, grandes partes foram direcionados para alimentar os animais destinados aos pratos dos consumidores.

​A saúde:

​Um outro grande motivo explicando por quê as pessoas estão adotando o veganismo é para melhorar a saúde. Pouco tempo atrás, foi oficialmente comprovado que uma alimentação que inclui carne, especificamente carne vermelha, aumenta o risco de cânceres gastrointestinais. Também já sabemos que todo produto animal possui um alto teor de colesterol e gorduras saturadas, duas coisas que devemos evitar de consumir em excesso.

​Por causa da produção intensiva de animais em ambientes artificiais, as carnes e outros produtos acabam sendo pobres em nutrientes e cheios de antibióticos e hormônios. Os antibióticos são administrados para evitar que as doenças se espalhem; uma batalha constante já que os animais são abarrotados e superlotados em espaços pequenos e fechados, andando nas próprias fezes sem poder se limpar. O uso excessivo de antibióticos na indústria ajudou certas variedades de bactérias evoluir para “super-bactérias,” ou seja, bactérias que criaram resistência e conseguem sobreviver e proliferar mesmo em ambientes onde antibióticos estão presentes.

​Os animais recebem injeções com altas doses de hormônios para torná-los mais “eficientes” e rentáveis: a vaca recebe hormônios para virar adulto mais rápido e produzir mais leite no percorrer da vida dela; o frango toma anabólico para ficar maior e diminuir o tempo de vida, assim chegando no supermercado e na mesa mais rapidamente.E é claro que, consumindo esses produtos de origem animal, estamos também consumindo os antibióticos, super-bactérias, e hormônios. Muitas dessas substâncias presentes na carne, no leite, e no ovo são proibidos de ser administrados em humanos, mas mesmo assim ingerimos um coquetel químico toda vez que nos alimentamos com esses produtos.

​Os alimentos integrais da dieta vegana, como vegetais, frutas, legumes, sementes e grãos, não contêm nenhum colesterol e poucas gorduras saturadas. Quase todos são ricos em fibras e vitaminas. A digestão desses alimentos é muito mais rápido do que de ingredientes animais; requer menos esforço e energia do corpo para digerir e eliminar. Como esses alimentos são mais leves, menos calóricos, e mais nutritivos, um dos resultados da dieta vegana é perda de peso e uma sensação de bem-estar.

​O aumento perceptível de energia que muitos sentem no começo da dieta é devido a desintoxicação que ocorre no corpo depois da mudança. A maioria de alimentos integrais veganos têm efeito alcalinizante quando digerido, assim equilibrando os sistemas corporais e melhorando todas as funções. A dieta comum em paises desenvolvidos de hoje é pobre em alimentos alcalinizantes e rica em comidas acidificantes, como carnes, laticínios, alimentos processados, óleos, açúcares refinados, e bebida alcoólica. Consumir esses alimentos em excesso deixa os “ecossistemas” do corpo com pH mais baixo, matando as microfloras benéficas que residem no intestino e preferem um ambiente com pH mais alto, ou seja, mais alcalino. Alguns alimentos com o maior efeito alcalinizante são: limão, melancia, batata doce, agrião, e salsinha. Alimentos com o maior efeito acidificante (quem sofre de refluxo provavelmente já sabe evitar esses alimentos) são: carne bovina, adoçantes artificiais, carne suína, frango, alimentos fritos no óleo, queijo processado, cigarros (embora nao seja um alimento, as substâncias entram no corpo), destilados e cerveja, massas brancas, e refrigerantes. (Para neutralizar um copo de Coca-Cola no trato digestivo, sendo um ácido de pH 2.5, seria necessário tomar 32 copos de água mineral alcalina de pH 10. Vale a pena?)

​Os benefícios da alimentação vegana, ou qualquer alimentação baseada em plantas, são perceptíveis desde o começo. A pele melhora, ficando mais macia e menos oleosa, parecendo mais jovem e firme. O sono também melhora, e torna-se mais fácil acordar de manhã com disposição. Alguns veganos relatam que precisam de menos horas de sono por noite para ficar totalmente descansado, comparado com o sono que era necessário quando comia produtos de origem animal. O aumento de fibras na dieta equilibra a digestão. Todos somos diferentes, então cada um experimentará benefícios individualizados.

A economia:​

​Por último, refeições veganas são as mais baratas. No supermercado, quais produtos são os mais caros? Com certeza, as carnes bovinas (principalmente as cortes de primeira, como picanha e alcatra), camarão e peixe, e queijos finos. Os alimentos mais baratos que encontra é arroz e feijão, verduras e legumes comuns, e frutas locais. Adotar a alimentação mais vegana também significa que economizará dinheiro que gastava para comer na rua e em restaurantes. A dieta cria oportunidades para aprimorar as habilidades na cozinha e experimentar culinárias novas e deliciosas. Desafie-se com a cozinha vegana, e descubra por que cada vez mais pessoas escolhem o veganismo!